Segunda-feira, 26 de Novembro de 2007

DE MARIA I À MARISA LETÍCIA

 

 

Muito se tem comentado pelo fato de a atual primeira dama, dona Marisa Letícia Lula da Silva, não fazer nada, quero dizer, não exercer nenhuma das atividades costumeiras das esposas de um presidente da república.Geralmente, enquanto o esposo presidente dedica-se à árdua tarefa de governar, as primeiras damas cuidam de exercer atividades em áreas menos espinhosas, como serviço e promoção social, por exemplo. O curioso é que, além de não fazer nada, a nossa atual primeira dama parece que não fala. Muda não é, pois me lembro de ter ouvido sua voz durante a primeira campanha presidencial. Entretanto, depois que seu esposo colocou a faixa, ela fechou-se em copas. Dela, só vemos sorrisos, gestos de saudação e só. Nenhum som, nenhum espirro ou tosse. E olha que não faltaram motivos para dizer alguma coisa, ainda que fosse para se defender. Além de ser acusada de preguiçosa, dona Marisa Letícia, recentemente serviu de objeto de chacota, quando foi fotografada numa das praias da Bahia, usando um maiô, estilo miss da década de 50, branco, com uma estrela de cinco pontas, enoooorrrmeee, estampada bem na frente. Como Marisa Letícia tem uns quilinhos a mais e é um pouco mais baixa que um levantador de vôlei, não faltou gente que dissesse que ela, vestida como estava,  se parecia com um tambor de óleo da Texaco. Maldade, né gente? Entretanto, a vida é assim - é o preço que ela paga para ocupar o posto que ocupa.

 

  Assim, mergulhado nesse poço de "profundas reflexões", comecei a me lembrar das esposas de nossos presidentes e de alguns de nossos reis. Afinal, já fomos colônia de Portugal e como tal, tínhamos reis e rainhas.  A primeira rainha de que me lembro foi Dona Maria I, a Louca. Parece que era louca mesmo, de pedra. Não sei se veio para o Brasil, quando a família real portuguêsa saiu de pinote, deixando Portugal para a sanha das tropas de Napoleão. Com a família real, veio Dona Carlota Joaquina, esposa de Dom João VI. Se Dona Maria foi cognominada a Louca, dona Carlota Joaquina bem poderia tê-lo sida, a Piolhenta. Parece que chegou ao porto do Rio de Janeiro com a cabeça repleta desses bichinhos abomináveis e sei lá, que me perdoem leitores portuguêses, mas é bem possível que ela tenha sido a responsável pela introdução desses insetos nojentos em nossa animália invertebrada. Da esposa de Dom Pedro I, dona Maria Leopoldina, pouco se sabe. No entanto, deveria ter um saco de filó para suportar as galinhagens de seu real esposo. E claro, deveria ser devota ferrenha de Santa Rita de Cássia.

 

  Deixando o império de lado, já que ele acabou mesmo, da República Velha nada há para ser dito, no tocante às primeiras damas. A primeira notável foi Darci Vargas, esposa de Getúlio Vargas. A Wickpedia diz que "Darcy Sarmanho Vargas casou-se com Getúlio Vargas aos 15 anos de idade, numa época em que as mulheres eram criadas para o casamento e não sabiam nem ler nem escrever. Com cinco filhos para criar, no início do casamento, suas atividades eram basicamente caseiras. Antes da Revolução de 30, Darcy já havia demonstrado seu compromisso com o Brasil. Criou em Porto Alegre a Legião da Caridade, na qual todo o pessoal que queria se integrar à revolução recebia apoio. Na condição de Primeira-Dama do país, e diante das grandes mudanças que Getúlio promoveu em prol da mulher, Darcy Vargas tornou-se um exemplo e uma referência para as mulheres brasileiras.Depois da Revolução de 30, trabalhou no Abrigo Cristo Redentor e fundou entidades como a Casa do Pequeno Jornaleiro e a Legião Brasileira de Assistência (LBA)." Suponho que não esteja viva, pois se estiver já ultrapassou a casa dos 120 anos. Me lembro dela, nas fotos ao lado do caixão de seu esposo, que cometeu suicídio,  como desfecho de uma crise brava com o pessoal da Aeronáutica, envolvendo pessoas de confiança do gabinete do então presidente da República. Maria Tereza Goulart, de todas, rainhas e primeiras damas, foi a mais charmosa e elegante. Dava o toque de bom gosto nos palanques a que comparecia seu marido, João Goulart, naquela época tão conturbada. Frequentou todas as colunas sociais da época, além de ser vítima de piadinhas e ditos infames do machismo latino-americano de então. Suportou tudo com dignidade, inclusive o exílio do esposo. Ainda vive, parece que mora no Rio Grande do Sul.

 

  Do ciclo da ditadura militar temos: Iolanda Costa e Silva, retratada pela crônica como uma perua espevitada, deslumbrada com as luzes do poder. Seu nome foi empregado na denominação de vários hospitais infantis e, segundo consta, lá pelo final dos anos 80, foi até Brasília, de ônibus, para reclamar da situação financeira em que vivia. Lucy Geisel, "ao contrário de primeiras-damas como a americana Hillary Clinton, Lucy Markus Geisel só foi conhecida por fazer chás da tarde para esposas de militares todas as quintas-feiras e por controlar a dieta do marido, o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979). Filha de um coronel do Exército três vezes prefeito de sua cidade natal, Estrela, no Rio Grande do Sul, Lucy, como era conhecida, só era vista em raras cerimônias oficiais. Morreu no Rio de Janeiro, aos 82 anos, num acidente de carro provocado por um motorista que desrespeitou o sinal vermelho."

 

  Marly Sarney, inaugurou o rol das primeiras damas pós-ditadura. De natureza tímida e muito discreta, ainda vive no Maranhão, onde seu nome denomina importante maternidade daquele estado, e na qual, pelo visto, todo bom maranhense nasce. Rosane Collor, ex-esposa de Fernando Collor de Melo, ainda vive, parece que em Maceió, onde recebe em sua luxuosa casa. Quando primeira dama, era objeto de comentários jocosos, por seu gosto duvidoso em relação à roupas, maquiagem etc. Resistiu bem ao furacão do impedimento de seu marido-presidente e à separação. Está enxuta, seu look melhorou deveras e parece que não caiu na besteira de candidatar a nenhum cargo executivo ou legislativo.  Se Maria Tereza Goulart foi a mais elegante, Ruth Cardoso foi a mais intelectual.Professora de antropologia, na Universidade de São Paulo, tem vários trabalhos publicados sobre  movimentos sociais e de juventude, imigração, violência urbana. Como primeira dama fundou e presidiu o "Comunidade Solidária" atual Comunitas, organização que trata de programas de cunho social e voluntariado.

 

  E assim chegamos a dona Marisa Letícia, que até o momento não disse a que veio. Esperamos que seu obstinado silêncio e o suposto "dolce farniente" não seja usado como justificativa para mais um dos ditos do tradicional machismo brasileiro - o de que lugar de mulher é na cozinha e de boca fechada, de preferência. Como, para um bom machista, cozinhar, lavar louça não é trabalho, fica justificado o "dolce farniente" de nossa atual primeira dama. oBS.:  a foto é de dona Ruth Cardoso.

 

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publicado por cacá às 01:31
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Terça-feira, 13 de Novembro de 2007

VI E NÃO GOSTEI - HAIRSPRAY


  Foi curiosidade sim, que me levou ao cinema para ver a nova versão de "Hairspray", com John Travolta fazendo o papel que na versão original, de 1988, foi desempenhado por Harris Glen Milstead, mais conhecido por Divine, a rainha do mundo e dos filmes trash - para mim, insuperável até hoje!

 

  Não me arrependi porque matei a curiosidade, mas...que horror. Travolta faz uma Edna Turnblad mais insossa e sem graça que sopa de miojo com broto de feijão. Realmente, o mocinho não leva jeito pra coisa. O único ponto a seu favor é que, apesar de estar deslocado no papel, ele consegue imprimir um ritmo à sua performance. Dessa maneira, sua Edna, a despeito de soar mais falsa que uísque made in China ou Paraguai, mostra consistência de uma sequência para outra. E só!

 

  O filme não agrada, sua assepsia é tediosa, os números musicais se tornam longos, cansativos. O original de John Waters, era bastante apimentado e com um humor bem ácido, sem mencionar os verdadeiros panetones que adornam a cabeça das personagens femininas. Quem viu o seu "Hairspray" não esquece dos olhares nada castos e pudicos que Tracy Turnblad (personagem de Rikki Lake) dirige aos bofes enfileirados em sua frente,na sequência do Lady"s Choice. E isso porque ele decidira fazer um filme mais palatável,  tentanto agradar um público mais amplo. Prova disso é que o seu "Hairspray", em se tratando de escracho,  está bem longe de seu "Pink Flamingos", onde "Babs Johnson" (personagem de Divine) encerra o filme com a antológica cena,  na qual ela come cocô de um cachorrinho, que defecara, numa das calçadas de Los Angeles - soberbo, estupendo, realmente "divine"!

 

  Enfim, se você não viu, não perdeu nada. E se quiser ganhar alguma coisa, dê um pulo nas locadoras especializadas e veja a versão original de Hairspray. Até onde sei, as cópias são em VHS. Se conseguir encontrar uma cópia boa em DVD, aproveite e assista também a "Pink Flamingos" e " Female Trouble". Aí sim, é que você vai saber o que é escracho e, terá então uma idéia mais precisa da distância que separa a Edna Turnblad de Divine, da Edna Turnblad de John Travolta. Há um detalhe - a locadora "2001" dispõe das cópias de Pink Flamingos e Female Trouble. Infelizmente, a Continental, que no caso detém os direitos de distribuição, usou um material de quinta para fazer as cópias. Resultado -  as cópias são imprestáveis. Contudo, não perca as esperanças - batalhando e garimpando é possível encontrar cópias boas. Vale a pena.

sinto-me:
publicado por cacá às 02:22
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