Hoje,o mundo cristão ocidental comemora as festividade da Páscoa. Embora seja uma festa móvel, a Páscoa está sempre próxima à entrada da primaverna, no hemisfério norte. Os cristãos comemoram na Páscoa, a ressureição de Jesus, a redenção de seus pecados e com isso, a abertura das portas do paraíso que estavam fechadas desde que Adão e Eva cometeram o pecado original. Na Síria do império romano, os adoradores do deus Dionísio comemoravam a sua morte, seguida do renascimento, simbolizando a passagem do recolhimento do inverno para a exuberância da primavera. Para os judeus, a comemoração da Páscoa é feita para relembrar a libertação do cativeiro do Egito e a entrada na terra prometida.
Assim é a Páscoa - uma festa que simboliza a passagem de um estado de incertezas e ansiedades para um estado de alegrias e esperanças. O simbolismo da Páscoa também é claro em relação ao modo como se alcança esse estado de alegrias e esperanças. É necessário que haja um sacrifício, uma purificação para que ocorra o renascimento e com ele as esperanças. Para os cristãos, o sacrifício está simbolizado na paixão e morte de Jesus, para os judes, nas muitas dores do cativeiro na terra dos faraós. Sem essa crise, sem essa purgação não é possível alcançar a mudança e completar a passagem . Jesus, Moisés estão ligados à figura daquele que, por seu sacrifício contribuiu para o bem estar de muitos - uma figura heróica. E é aqui que nós, simples e desconhecidos mortais, entramos em cheio na cena. Sendo a Páscoa o que é - uma celebração da passagem para um estado melhor, mais purificado, símbolo do triunfo sobre uma crise, ela traz ao palco todas as nossas pequenas e inúmeras vitórias ao longo de nossa existência. E claro, faz recordar todo o esforço empreendido, todas as batalhas vencidas, todas dores sofridas e resgatadas pelos inúmeros moisés, jesus e dionísios que formam nosso exército interior.
Que nessa Páscoa cada um de nós, após o bacalhau da mama e o chocolate dos ovos, reservemos uns minutos para ter uma conversa séria com cada desses integrantes - nossos pequenos heróis. Que cada um deles esteja conosco não somente nesse ano, como em todos os próximos, dando-nos força, incentivo e coragem, pois, minha gente, o osso tá duro de roer.
Acho que seria essa um dos possíveis significados da palavra capricórnio. Como quase todo o mundo sabe, capricórnio é um dos nomes dos vários signos do zodíaco. Abrange um período que vai de 21 de dezembro a 19 de janeiro. As pessoas que nascem nesse período são astrologicamente denominadas de capricornianas. Antes que eu me esqueça e antes que me cobrem, estou falando do horóscopo ocidental, esse que vemos comumente em jornais, revistas e alguns programas vespertinos de televisão. Dizem que esse tipo de horóscopo é originário da Babilônia, se bem que alguns garantem que veio do Egito. Há aqueles que afirmam que veio da Pérsia e outros, da Fenícia. Seja como for, esse capricorniano de que falo não tem nada em haver com aquela cabra que faz parte do horóscopo chinês, certo?
Persistência, determinação são as características marcantes dos nascidos sob esse signo, que aliás, não é bem uma cabra. Já notaram que esse animal mais se parece com a mistura de cabra ou bode com sereia? Dos meus tempos de esoterismo, eu guardei a informação de que, entre outras características, o signo de capricórnio representa aquele período em que a terra toda se recolhe, para ressurgir mais tarde com toda sua força. O período de recolhimento corresponde ao inverno e o de ressureição, à primavera. Com isso, fica demonstrado que toda a simbologia dos signos zodiacais se baseia nas estações do ano, no hemisfério norte. Até onde eu sei, de dezembro a janeiro, nós do hemisfério sul, não estamos nem um pouco recolhidos. Pelo contrário - estamos botando quase tudo pra fora e alguns mais assanhados botam mesmo, tamanho é o calor que nos castiga.
Na minha família havia quatro representantes deste signo. Eu, minha mãe, a mãe dela e a irmã dela. Tá meio confuso? Aqui vai uma redação mais simples: eu, minha mãe, a mãe de minha mãe e a irmã de minha mãe, ou seja, eu, minha avó materna e minha tia materna.Espero que agora tenha ficado claro. Dessa troupe toda, só restou eu - minha mãe e minha avó passaram a habitar o andar de cima há mais de quatro décadas. Minha tia, mudou-se para lá recentemente, há uns oito anos. O interessante é que todos desse grupo nasceram ou no dia 25 de dezembro ou no dia 6 de janeiro. Falando a verdade, somente minha tia nasceu no dia 6 de janeiro. Minha avó, minha mãe e eu nascemos no dia 25 de dezembro. Segundo comentam na família, nascemos em horários muito próximos, entre 7 e 9 horas da manhã. Se houvesse uma curso de superior de formação de astrólogos, essa estranha coincidência seria, com toda certeza, tema de uma tese de doutorado ou mestrado.
De minha avó sómente tenho uma recordação e ainda assim, muito vaga. Lembro-me de vê-la em uma cadeira, na cozinha da casa em que morávamos. Não tenho certeza, parece que estava com uma saia comprida de cor escura, blusa de gola fechada e mangas compridas e usava um birote, prendendo os longos cabelos brancos, no alto da cabeça. Nessa época eu deveria ter uns quatro ou cinco anos. Minhas irmãs contavam que era uma benzedeira de mão cheia, curava tudo, de catapora a tosse cumprida. Sempre achei minha avó meio bruxa. A saga familiar relata que era dona de um temperamento meio durão, dificilmente recuava de uma decisão. E é usado como ilustração, o fato de ela, no leito de morte, sem já poder falar, não ter perdoado minha tia, por uma coisa que esta tinha feito. Não sei o quê essa minha tia aprontou, mas contam que ela pedia perdão, aos prantos. Minha avó, apenas balançava a cabeça, negando o perdão. Eu, hein?
Minha mãe, pelo pouco tempo em que convivemos, tinha um temperamento mais flexível. Era uma criatura quieta, calada, calma e resignada. Nos quase vinte anos em que convivemos, não me recordo de tê-la visto reclamar das dificuldades da vida, fofocar a respeito de alguém ou brigar com o meu pai seja por que motivo fosse. E vejam que, até onde me recordo, nesse quase vinte anos, motivos para tanto não faltaram. Era paciente e determinada, percorreu essa existência, suportando com "jobiana" paciência os sopapos e empurrões dessa vida. Não tinha defeitos? Tinha sim - de vez em quando me dava umas surras, sempre imerecidas,claro.
A morte de minha mãe, foi completamente inesperada. Na manhã de uma segunda-feira de janeiro, estava costurando uma roupa para uma de suas netinhas. Enquanto costurava, conversava com meu pai. Estava um pouco irritada com ele, pela falta de paciência que demonstrava no trato com os netos. Foi então que meu pai disse alguma coisa e minha mãe respondeu-lhe, perguntando se ele nunca fora criança. Em seguida, deu um suspiro profundo e caiu sobre a máquina de costura, já sem vida. Fora um infarto e dos bravos que a levou dessa vida para outra melhor.
A irmã dela, ou seja, minha tia, bem - foi uma das mulheres mais belas que conheci. Se tivesse nascido na França, na Itália ou Estados Unidos seu rosto, com toda a certeza, teria aparecido em alguma tela de cinema, ao menos uma vez, pelo menos como figurante. Ao contrário de minha mãe, era mais extrovertida, fato esse que aliado à sua beleza, trazia-lhe muito sucesso em relação aos homens. Parece que ela soube tirar muito proveito da conjugação dessas duas qualidades, arrasando centenas de corações. Alguns desses corações eram de namorados de amigas, vizinhas e conhecidas. A estória da família relata que esse roubo de corações não ficou impune. Certa vez, passando em frente à porta da casa de uma dessas "amigas" , minha tia foi por ela abordada e levou uma surra de cabo de sombrinha, a título de vingança. Além disso, essas vizinhas, amigas e conhecidas revoltadas juntaram-se a alguns parentes de minha família e criaram, alimentaram e atribuiram a essa minha tia, a fama de sirigaita . Fama que levou até a cova.
Minha tia casou-se nova, como era o costume da época e não teve muita sorte no casamento. Enviuvou logo depois, com menos de dez anos de casada. Com muita garra, criou meus primos, vendendo marmita, dando pensão para professoras, lavando roupa para as ricaças da cidade onde morava. Acredito que por desgosto pela morte do marido, após seu falecimento, cerrou as portas para a vida afetiva - nunca mais se interessou por homem algum, embora oportunidades não lhe faltassem. Deixou as amizades de lado e desenvolveu um tipo de humor caustico, ferino. Era capaz de acabar com o dia de alguém com um olhar ou com uma palavra. Foi então criando um estilo de vida cada vez mais recluso, onde as poucas distrações eram ir ao cinema, passar as férias de verão com a minha família e ler contos policiais antes de dormir. Tinha pilhas e mais pilhas da "X-9", nome de uma revista de contos policiais, muito famosa na época. E nessa reclusão enrijeceu, envelheceu e morreu. Fez de sua morte uma piada de mau gosto, diga-se passagem. Ela faleceu no Dia das Mães e na véspera (no sábado), recebeu uma ligação de minha prima, sua filha. Esta contou que estava ligando para cumprimentá-la pelo dia das mães. Explicou que ligara na véspera, pois assim poderia falar com ela com mais calma, já que no domingo seus próprios filhos e netos iriam até sua casa para almoçar. Disse também que assim que pudesse, compraria e enviara para ela o presente do dia das mães. Conta-se que minha tia ouviu toda essa explanação em silêncio, sem dizer um "a" siquer. Alguns segundos após minha prima ter terminado de falar, minha tia disse que o maior presente que Deus poderia lhe dar no dia das mães, seria levá-la dessa vida para outra. Completamente desconcertada e quase em prantos, minha prima encerrou a conversa, não antes sem pedir a benção da mãe. Acontece que um anjo presenciou aquela conversa e disse amém. No dia seguinte, Dia das Mães, um belo e ensolarado domingo de maio, minha tia levantou-se no horário de costume e foi tomar banho, como de costume. Foi quando então recebeu o presente que tanto pedira a Deus - teve um infarto e, apesar de socorrida a tempo, já estava morta quando seu corpo deu entrada no hospital.
Não sei se minha avá morreu de infarto. Entretanto, dessas três representantes de Capricórnio percebo que o traço comum é a determinação que surge em situações ásperas. Minha avó, negando o perdão à minha tia, ali, bem na hora de sua morte. Creio que qualquer mortal deva estar muito, mais muito bem convencido e determinado para negar o perdão para alguém, num momento da vida tão extremo, como é a hora da morte. Minha mãe sofrendo em silêncio, mas não se dobrando às durezas da vida que tevem, carregando sua cruz com classe, como se dizia antigamente. E minha tia, se encerrando naquela reclusão após a morte do marido. E assim chego ao final de mais um post, ou artigo, como queiram.
Antes que me encostem na parede, já vou dizendo que não falei de mim. Não se esqueçam que nessa família, eu sou daquela turma que nasceu em 25 de dezembro. Falar de si mesmo é uma coisa meio complicada não é mesmo? Que o digam aqueles que já passaram por algum processo de psicoterapia. Bem...antes que alguém cometa suícidio em protesto, prometo que um dia eu posto um post, falando tudo sobre mim, "all about me", "all about Eve", "tudo sobre minha mãe".
Meus fiéis leitores devem ter notado que no mês de fevereiro, simplesmente sai do ar. Uma série de contratempos surgiram em minha plácida rotina, exigindo providências rápidas e criando um clima nada propício para escrever. Um deles, foi o sumiço de algumas folhas do meu talão de cheques, o que me fez sair em disparada até o banco, se não quisesse ficar com o saldo bancário reduzido a zero. O outro, como se não bastasse, foi o roubo de meu computador. É, é isso mesmo - entraram e minha residência e afanaram o dito cujo. Somente ele e nada a mais. O apartamento estava em ordem, com tudo no lugar, menos o computador. Quem não soubesse que eu tinha um PC, não diria que gente estranha entrara em minha residência, naquela tarde de fevereiro. Será que devo agradecer aos ladrões esse gesto de consideração? Bem, é nisso que dá a gente ser um pouco tolo e confiar demais nas pessoas. Como não houve arrombamento, isso faz supor que o gatuno ou gatunos tinham uma cópia da chave. De fato, pensando em situações de emergência, eu dei cópías da chave para alguns amigos. E fiz isso com a recomendação expressa de que, ao virem urubus vagando pelos céus de meu bairro, por favor, fossem até meu apartamento para providenciar a remoção de meu corpo para o serviço funerário mais próximo. Como os amigos estão fora de suspeita, restam as faxineiras, especialmente aquelas que já foram dispensadas. Vai que alguma delas, ficou com algum tipo de bronca e, resolveu se vingar. É bem possível, sabe Deus o que se passa na cabeça de uma faxineira enraivecida. Entretanto, já superei o trauma. É claro que ficaram sequelas - uma delas é o medo, pois como diz o ditado, "quem tem c..., tem medo" (prometo que vou descobrir a origem dessa expressão, se não conseguir, vou inventar uma)
Outra coisa que acredito, deixa alguns de meus fiéis leitores encabulados - principalmente, se forem de Portugal - é o horário em que publico os artigos, melhor dizendo, faço um post. São sempre uns horários meio estapafúrdios - duas ou três horas manhã, quando não, quatro. Enfim, uns horários nos quais se convencionou que os mortais devessem estar dormindo. A explicação é simples - os post são feitos aqui, onde resido, São Paulo. E são publicados num sítio português. Ora, como todos sabemos há uma diferença de mais de duas horas entre os horários de São Paulo e Portugal. Diferença essa que aumenta ou diminue conforme seja lá inverno e aqui verão, ou vice-versa. Não sou notívago e nem tenho, até onde sei, parentesco algum com vampiros, lobisomens, morcegos, corujas, gambás, capivaras, curiangos, mulas-sem-cabeça, rasga-mortalhas e outras criaturas da noite. Pode ler o meu blog sem medo, pois você não corre o risco de me ver surgir envolto numa capa negra, com dois dentões apontados na direção de seu pescocinho, para lhe dar boa noite e agradecer por estar a ler o meu blog.
A súmula do jornal relata que nesse filme a enfermeira Anna é testemunha de um crime, no qual integrantes da máfia russa, residentes em Londres, estão envolvidos. Para mim, é a estória de Tatiana - uma delas, pois deve haver milhares, naquilo que um dia foi a União Soviética. Pois bem - essa minha Tatiana, encantada com as promessas, com a vida de conto de fadas oferecidas pelas terras do Oeste, abandona o seu torrão e vai para cidade encantada de seu conto - Londres. Infelizmente, a realidade da vida não corresponde à realidade dos contos de fadas. Assim, a minha Tatiana acaba seus dias sem príncipe encantado, sem castelo e sem sonhos. Acaba seus dias nos braços da máfia russa, com seus próprios braços coloridos pelo carmim das manchas, provocadas pelas inúmeras vêzes em injetou ou injetaram-lhe coisas como cocaína, heroína - pequenos mimos, indispensáveis para suportar a cruel realidade da cidade encanto. Um dia, ou melhor, uma noite, sentindo-se mal, entra numa farmácia à procura de ajuda. Não chega a ser socorrida, pois desmaia, caindo em meio a uma poça de sangue, indicando um aborto. É levada para um hospital, não resiste e morre. Contudo, deixa uma testemunha, uma prova de toda aquela brutalidade - uma garotinha. É quando entra em cena a enfermeira Anna, que é cidadã inglesa, descendente de russos. Anna fez o que pode para salvar Tatiana. Não conseguindo, parte para salvar a filha, cujo nome ela mesma dera - Cristina. A salvação consistia em encontrar algum parente da mãe, a quem a menina seria entregue. E é nessa missão que a Anna se impõe, que se desenvolve o filme e todo o seu horror.
O diretor desse filme é David Cronenberg, conhecido por sua maneira didática e irritante até, de conduzir cenas de violência. Pois bem - em "Senhores do Crime", a sequência mais brutal, mais violenta se faz sem nenhum pingo de sangue. Se passa numa casa de prostituição, pertencente a um dos chefões mafiosos. O filho do chefão exige que o mocinho (?) transe com uma das garotas, para provar que não é bicha e poder ser admitido no seio da família. E ainda impõe uma condição: ele, o filho, ficará vendo a cena, para ter comprovação da virilidade do mocinho e, acho eu, satisfazer seus baixos instintos. No decorrer do filme fica subentendido que o filho do chefão tinha problemas, daquele tipo que as pessoas distintas evitam falar quando há mulheres e crianças por perto. A cena é de uma brutalidade imensa - um soco no estômago do espectador seria uma carícia, comparado ao que vi. A garota fica de quatro na cama, o mocinho vai por trás. Só que a mocinha enfia o rosto nos lençóis e fica ali, parada, estática, sem vida, sem forma. A câmera mostra ora o rosto do mocinho - uma expressão de tédio, cansaço e ódio; ora o rosto do filho tarado do chefão - uma expressão de total animalidade e sadismo. Só me lembro de dois filmes com sequências tão ou mais brutais: "Tempo de Embebedar Cavalos" e "As Tartarugas Podem Voar" (ou "As Tartarugas não Voam", não sei ao certo). Por coincidência, esses dois filmes envolvem assuntos e pessoas que moram em países ao leste da Europa.
O crítico do mesmo jornal relata que pouco se falou sobre o porquê de o filme ter um clima de melodrama, subvertido por cenas de violência. Eu não sei porquê, não sou crítico de cinema, meu QI não é suficiente para tanto. Contudo, me chamou a atenção uns certos toques de filme noir, que foram dados à obra - o tipo físico do mocinho, o caráter de sua personagem, frio, determinado, porém capaz de se comover, o clima de envolvimento entre ele e a enfermeira. Em tempo - a cena em que ele aparece pelado, na sauna, com o corpo todo marcado pelas tatuagens, não passa disso mesmo. Não se iluda, quem pensou que fosse ver algo mais.
Em português o título foi "Senhores do Crime", em inglês "Eastern Promises", cuja tradução deva ser "Promessas Orientais", um título sem graça, se eu estiver correto na transposição. Talvez, pudéssemos partir para uma tradução mais livre, algo como "Sonhos Desfeitos", "Ilusões Perdidas", "Vidas Ultrajadas" - mas isso é muito piegas. Pela amostra, eu seria um péssimo confeccionador de títulos para filmes. Seja como for, e considerando vários outros filmes que já vi, vindos ou tratando de assuntos ligados àquela região, acredito que Recados do Leste poderia ser um título razoável e mais de acordo com o conteúdo. E, falando nisso, o recado que Senhores do Crime deixa é um só - será que algum dia chegaremos a ser, pelo menos um simulacro daquilo que entendemos por Humano?