Tava demorando mesmo, eu já estava até estranhando. Li hoje, no Portal do Terra, que em Barcelona surgiu uma nova técnica de afanar uma carteira de alguém. Essa técnica é conhecida como "dar uma ronaldinho". Segundo alguns especialistas da polícia local, a expressão teve origem dentre os próprios batedores de carteira. Relatos narram ser muito comum você estar passeando pelas Ramblas, ou então, pelo Bairro Gótico e ouvir comentários tais como: "fulano levou um ronaldinho hoje", "esses dão ronaldinhos". Ainda, segundo os especialistas, a técnica consiste em abordar e envolver o pobre do turista de modo amistoso. Enquanto parte do grupo executa esse "trabalho" de distrair o turista, a outra parte depena o coitadinho. Como o jogador é bem conhecido em Barcelona pelo seu jeito alegre, sorridente e simpático do fato ao ato surgiu a expressão. Eu tenho cá outra teoria-é bem provável que algum desses batedores de carteira viu outro surrupiar a carteira de alguém, usando essa mesma técnica. Vai que esse meliante tivesse os traços característicos do Ronaldinho - negro, magricela, dentuço, com o penteado tipo"ajeitei o cabelo como aspirador de pó". Assim, fica claro o surgimento dessa gíria.
De uma forma ou de outra, fica aqui registrada mais uma contribuição dos brasileiros à diversidade e riqueza das línguas ibéricas. Devo admitir que não é lá uma contribuição edificante e muito menos, prazeirosa de assumir. Melhor pensar nela como um revide pelos males e desgraças que a colonização portuguesa e espanhola trouxeram para a América Latina. A começar pela sífilis...
Depois que desliguei o computador comecei a pensar no filão que ainda existe para ser explorado. Filão esse criado pela complexidade de situações da vida moderna. Existe um grande segmento social que, embora não consuma muito, deseja estar bem vestido, deseja sentir adequação entre o que usa e o momento que vive. Além do que, a variedade de situações pelas quais as pessoas passam hoje em dia vai de um casamento a um sequestro. Acredito que nossos consultores de moda diversificariam muito sua clientela se oferecessem sugestões para coisas triviais de nosso cotidiano. Por exemplo, que modelito usar para fazer acerto de contas com um traficante da "comunidade" mais próxima de seu condominio. Ou então, a cor mais adequada para o terno e a gravata a serem usados, quando for sequestrado. Tiara de conchinhas pequenas fica bem para comparecer à inauguração do puxadinho da vizinha? E pantalonas verde-esmeralda mais blusa roxo-berinjela com cinto coral ficam legal para um churrasquinho na laje? Que acessórios usar para encarar fila de banco pós-feriadão, ou então, fila do INSS? Saia funil, mais sapatos Luiz XV, mais turbante são um traje discreto para ir à feira, na hora da xepa? Que cor de esmalte usar, que tipo de boné ter na cabeça para ver as mensagens do Orkut, Facebook ou MSN? E, finalmente, jeans e camiseta branca não é um traje muito batido, para esganar e depois atirar sua filhinha da janela do apê? Com a palavra as Glórias de plantão.
GLOSSÁRIO - Farah Diba Pahlavi foi a última imperatriz do Irã, terceira mulher do Xá Mohammad Reza Pahlavi. Com a revolução de janeiro de 1979 o casal abandonou o trono do Irã. Dizem que ela sempre usava uma bolsa grande, pendendo de um dos ombros. Eu nunca vi a tal bolsa Farah Diba, mas guardei o nome.