Acabou. Dia13 de julho, a Copa acabou. Acabou a Copa das Copas. E deve ter sido mesmo. Segundo cálculos da FIFA a Copa do Brasil foi a segunda melhor de todas as Copas. Agradou a todos - organizadores, jogadores, patrocinadores e, muito especialmente, os turistas. Os brasileiros tiveram a confirmação de algo que já suspeitavam - de longe, são os melhores anfitriões. Diante de tanta hospitalidade e amabilidade, os problemas de transporte (parece que não foram muitos), segurança e outros, parece que não contribuiram nada para o bom humor de todos - anfitriões e convidados. O único fato que mexeu com o astral dos brasileiros foi a derrota vergonhosa da seleção brasileira para a seleção da Alemanha. Estrondosos, macabros, hediondos, fatídicos 7 X 1. Em apenas 20 e poucos minutos, o sonho do hexacampeonato foi enterrado, cada gol era uma punhalada mortal no coração dos brasileiros (não há registros de suicídio, os tempos são outros). Até hoje, nós, os torcedores brasileiros tentamos entender o que aconteceu, afinal. Talvez um dia, quem sabe.
Outra seleção que saiu danada da vida foi a seleção da Argentina. Perdeu, na prorrogação, para a seleção da Alemanha por 1X0. Após curtir um jejum de 28 anos, a vitória decidiu adiar, na última hora, sua chegada. Talvez em 2018, 2022 ou quem sabe - nunca mais. Ou até uma certa promessa ser paga, pelo menos. Uma promessa feita há exatos 28 anos, no ano de 1986. Na tentativa de compreender essa derrapada no último instante, torcedores argentino lembraram-se de um fato real ocorrido algumas semanas antes de a seleção portenha embarcar com destino ao México, palco daquela copa, da copa de 1986.
Bem, o que se conta é que o técnico da seleção da época, um tal de Carlos Salvador Bilardo, juntou uns 14 jogadores, entre eles Diego Armando Maradona, em carne e osso. Sob o pretexto de treinarem em locais de altitude elevada, como o são as altitudes mexicanas, o grupo foi levado à pequena localidade de Tilcara, no norte do país. Essa localidade era, e ainda é, famosa pela igreja da Virgem de Copacabana del Abra de Punta del Corral, mais conhecida como a Virgem de Tilcara. Pois bem - num belo dia, o senhor Carlos Salvador Bilardo levou o grupo de jogadores até à igreja da Virgem. Lá, ajoelhados ante o altar, após proferirem várias ave-marias e pai-nossos, jogadores e técnicos prometeram que, se ganhassem aquela Copa, iriam em peregrinação até a pequena Tilcara, depositar o troféu da FIFA aos pés do altar da Virgem.
A Virgem cumpriu sua parte. Lembram-se do famoso gol de mão, de Diego Armando Maradona?. Na época, o que se comentou é que Deus usou uma das maos de Maradona para marcar aquele gol. Se cremos que Deus, a Virgem Maria, os anjos e santos se metem nos assuntos dos humanos, é bem possível que essa hipótese venha a ser verdadeira. O que importa, contudo, é que a Argentina ganhou aquela copa. No entanto, como a ingratidao parece ser inerente ao ser humano, aqueles jogadores rapidamente se esqueceram da promessa. E como a Virgem não é boba, nem nada, tratou de aplicar logo a punição reservada àqueles que não cumprem o que prometeram - 1986 foi a última vez em que a Argentina ganhou a Copa do Mundo. De lá para cá, copa após copa é a mesma decepção, a mesma choradeira e a mesma constatação - por não cumprir o que prometeu, a seleção argentina é castigada pela "Maldição da Virgem de Tilcara".
Alguns jogadores de outras formações da seleção argentina tentaram pagar a promessa usando fac-simile do troféu da FIFA daquele ano. De nada adiantou. Segundos alguns profundos conhecedores da psique da Virgem, o troféu tem que ser o original, preferivelmente levado até os pés de seu altar, pelo mesmo grupo que, há 28 anos, prometeu o que prometeu e - importante - no grupo tem que estar presente, ele, Diego Armando Maradona - o instrumento humano da concretização do desígnio da Virgem. Enquanto isso não acontecer, não adianta chorar, espernear, fazer sacrifícios, simpatias, oferendas. A Virgencita é irredutível - sem troféu, sem vitória. E por essa e por outras, eu...bem, a única coisa que me ocorre é dizer: danem-se hermanos, porque I won't cry for you, Argentina.