Domingo, 15 de Março de 2009

HUM...SEI LÁ OU DOMINGO, À TARDE

         Já faz algum tempo que não visito meu próprio blog. Falta de tempo e coisas parecidas é tudo mentira - foi preguiça mesmo. Também, ter um blog não significa que se deva ornamentá-lo diariamente com palavras de profundo saber. Parêntesis - pra que serve mesmo um blog? Será que algum pesquisador do futuro, com base nos bilhões de blogs existentes, montará um perfil da humanidade ao longo deste e dos futuros séculos? E ainda, prosseguindo na mesma senda - quantos  blogs realmente interessantes vocês conhecem? Eu não conheço nenhum - nem o meu, tanto assim, que além da preguiça, o que muito me desmotiva é o fato de saber que nada de interessante estou produzindo, quando ponho aqui essas mal traçadas linhas. Bem, acho melhor ficar por aqui, antes que essa autocrítica se transforme num ataque insensato aos blogs em geral. Nesses tempos em que vivemos, de violência gratuita e banalizada, é bom ter cuidado com o que se  fala e com o que escreve - não quero ser vítima de algum blogueiro terrorista.

        Nesta semana, vendo o noticiário da tevê, tomei um susto daqueles. O apresentador falava da crise que está abalando o mundo. E, para convencer seus telespectadores de que a coisa tá brava, mostrou um de seus mais interessantes flashes: um acampamento de sem-emprego e, atualmente sem-teto, que se instalou e está em franco desenvolvimento, num terreno baldio de Sacramento, capital do estado americano da  Califórnia. O susto que tomei somente se compara a um outro, acontecido há quase trinta anos, quando morei em Oakland, também no estado americano da Califórnia. E, o que provocou este susto, foi o fato de ver, num beco daquela cidade, uma pessoa procurando comida numa lata de lixo. Procurar comida em lata de lixo é coisa de país emergente, um eufemismo para terceiro, quarto ou quinto mundo - nunca para Uncle Sam, não é mesmo? Não é essa a imagem que ele (Uncle Sam) se esmerou em passar, ao longo de tantas décadas? América - a terra das oportundades, terra da liberdade, "this is a free country" diz o bordão de Hollywood, "yes we can" diz o refrão de Obama. E, de repente, você vai para a free country, para a promised land e ve um nobodly John catando o que comer, numa lata de lixo!!! E como se não bastasse, fica sabendo de dois amigos, sem teto e sem emprego, indo a pé para Los Angeles, procurando emprego em cada cidade em que passavam, sem nada encontrar!! E, para completar, fica sabendo que no tal acampamento, um de seus habitantes é um respeitável senhor de classe média, que,em suas palavras, trocava de carro todo o ano e tinha um salário respeitável!!! Diante de tudo isso, o mínimo que se pode sentir é que nosso querido queixo foi parar na Patagônia. Realmente, há algo de errado com nosso sistema de produção e distribuição de riquezas, com nossa fábrica de sonhos. Se produz muito para poucos e, para todos, os sonhos se transformaram em pesadelos. Isso sem falar na fragilidade dos laços que sustentam esse sistema - da noite para o dia, fortunas e fortunas são reduzidas a pó, com a mesma banalidade e naturalidade com que trocamos de cueca e calcinha.

        A televisão,os jornais, tem aumentado suas horas e sua quantidade de papel falando desta crise, em notícias, entrevistas e debates. De tudo o que ouço e vejo, aos poucos uma sensação tem surgido - a de que este sistema de produção e distribuição de riquezas, essas crises, que de repente parecem vir do nada, tudo isso é obra de algum Coringa Transgalático, que resolveu se divertir às nossas custas e claro, só ele tira proveito de tudo isso. Aliás, vocês notaram que em toda a crise nunca se acha os culpados e, que sempre o mesmo grupo sai ganhando? Foi assim na Tailândia, na Rússia e, está sendo assim agora. Acredito que os pensadores, os formadores de opínião da atualidade, os políticos bem intencionados -existe algum?- deveriam colocar no centro do debate a questão dos Valores que norteiam nossa sociedade. Pode parecer quixoteso e piegas, no entanto, não dá, não dá mesmo pra tapar o sol com peneira - a sociedade do Ter já deu o que tinha que dar. Tá mais que na hora de começar a lançar os alicerces da sociedade do Ser. Até lá, o senhor Obama, os USA e seus fãs poderiam muito bem construir  uma via de real cooperação, de troca de experiências e intercâmbio com outras economias. Ou isso, ou o buraco, my dear. Como sempre,  saída tá na cara. Resta saber se teremos coragem de assumi-la. Como sempre, espero que sim!


Obs.: os erros de português que cometo no tocante à colocação de pronomes, são propositais. É assim que falamos no Brasil. Depois do contato que tivemos com negros e índios, nunca mais conseguimos dizer "deixá-lo, amo-te, dá-me" e sim "deixar ele, te amo, me dá", com muito orgulho, aliás.

   

sinto-me:
publicado por cacá às 16:39
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Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2008

SOBRE A TAL CRISE

Atenção todos vocês que sempre nos alertaram no sentido de poupar, visto que os dias de crise ...

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sinto-me: na transversal do tempo
publicado por cacá às 01:57
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