Hugo Chavez, presidente da Venezuela, em poucas palavras resumiu o clima reinante em Copenhague: ele disse que se o clima fosse um banco, já teria sido salvo.. Nem precisa refletir muito, basta só lembrar o corre-corre que foi no ano passado, com a quebradeira dos bancos americanos. Os gringos apertaram os cintos, acenderam vela para Deus e o Demônio, dançaram o miúdinho, fizeram de tudo para salvar o sistema bancário. E não foi só lá - o dito Primeiro Mundo se mobilizou como nunca para garantir a grana em seus cofres fortes. E se a crise se repetir, farão o mesmo e muito mais, se necessário for. Como cantava Liza Minelli, em "Cabaré": "money makes the world go around" e não tem conversa, não, bugrada.
Porém, tratando-se do clima, o babado é outro e, no fundo, todos sabemos que é uma questão de grana. Todos farão tudo, desde que não tenha que desembolsar nadinha, desde que seus lucros e interesses não sejam afetados. Tem sido assim desde os tempos de Aristóteles, não sei porquê mudaria, agora. O assunto "saúde da Terra" somente será cogitado com seriedade, quando a água estiver batendo na bunda, e olhe lá. Ontem, fui ver o "2012". É uma recriação da Arca de Noé, com toques de modernidade. Os efeitos especiais são ótimos, a destruição de Los Ângeles é divina, quase entrei em transe. Contudo, na hora de escolher quem entra, quem fica de fora, é que é mostrada toda a pequenez e mesquinharia dessa raça, dita humana. Só os mais endinheirados se salvam. Para não deixar a coisa assim, tão nua e crua, um cientista faz um discurso, pró abertura da porta da arca. Todos ficam comovidos (coisa mais ridícula) e no final, a bugrada que estava out the Arca, consegue entrar e se salvar. Foi quando percebi que o filme tinha debandado para a ficção barata.
Eu ainda digo o que disse posts atrás - o ser humano tem uma vocação inata para o mal. É como um Midas, ao contrário. O que Midas tocava, se transformava em ouro. O que tocamos, se transforma numa coisa mole, amarela e mal cheirosa. Voltando ao filme - depois de mil e uma dificuldades, uma das arcas consegue se ajeitar no meio daqueles tsunamis gigantescos e seus passageiros são salvos. Podem, então, deixar a arca e repovoar a terra.E o filme termina, com a porta da arca se abrindo, e todo o mundo, com cara de beato, contemplando a nova terra. E eu pensando: "ai, meu Deus, vai começar tudo de novo" Razão tem minha amiga, Naja Maria. Na na hora "H", quando a coisa desandar, ela disse que vai botar um modelito de periguete, um par de óculos escuros de camelô, chinelinhos havaianas da hora, agarrar um negão grandão e gostosão e sair cantando:"é com esse que eu vou sambar até cair no chão". Fazer o quê, gente - a carne é fraca.