Não sei onde, mas estava escrito que ontem, véspera do Natal, eu iria pagar um pouco de meus pecados, indo lá pros lados da Vinte e Cinco de Março. E buscar a mesa que encomendara para montar o meu presépio, foi o pretexto escolhido pelo Destino. O nome do carpinteiro não era José, ainda bem, pois não me chamo Maria,nem Jesus...Levi, era o nome, algo de bíblico.
Quando lá cheguei, tive a impressão que o inferno deve passar uma sensação mais acolhedora - gente por todo o lado, gente com pacotes, sacolas, embrulhos. Gente de todos os tamanhos, pesos, cores. Um barulho insuportável, camelôs gritando no seu ouvido, pessoas gritando a seu lado, pacotes te empurrando de um lado para outro. O céu esplendorosamente azul, sem nuvens no céu, um calor de dar assadura em elefante. A COP 15 não teria sido o fracasso que foi, se tivesse sido realizada em São Paulo, Rio de Janeiro ou Cuiabá. Mas não, foram realizá-la em Copenhague, ambiente bem aquecido, os líderes todos bem agasalhados, no maior conforto, com todas as inclemências do clima controladas. Houvesse sido realizada no Rio ou em Cuiabá, com o sol do meio-dia estourando o ar refrigerado, pernilongos fazendo piquenique no seu pescoço, o resultado teria sido outro. Esse pessoal do Primeiro Mundo é assim - só muda quando a água bater na bunda.
Cheguei em casa, joguei tudo o que tinha no chão, as roupas e o estresse também e fui direto pro banho, o segundo do dia. Horas depois, montando o presépío, me lembrei das palavras eternas de Jesus, no "Sermão da Montanha" - "contemplai as aves do céu e olhai os lírios do campo. Eles não fiam e nem tecem, no entanto, nem Salomão no auge de seu esplendor, jamais se vestiu como um deles". TENHAM TODOS UM FELIZ NATAL.