Morava nos Estados Unidos,em 1981,quando ouvi falar pela primeira vez de Michael Jackson. Vira na tevê local, o filme "Ben", onde ele interpretava a canção título. Achei sua voz muito bonita e perguntei pro pessoal da casa quem era aquele cantor. Foi então que fiquei sabendo de sua existência. Em seguida, vi alguns episódios de um desenho animado sobre os Jackson Five, e algumas reprises dos shows que o grupo dera anos antes. Fiquei encantando com a figura alegre daquele menino, com o cabelo "black power", que não sossegava um minuto em cena, parecia um serelepe. E é essa figura que conservo no coração e na memória até hoje. Esse foi e sempre será, para mim, Michael Jackson.
Quando voltei ao Brasil, alguns meses depois ele estourava no mundo inteiro com o álbum Thriller. Curioso, vi alguns de seus video-clips. Queria saber como estava aquele menino. O que vi, não me agradou muito. Devo confessar - não sou muito chegado em rock, pop, essas músicas barulhentas. Ele estava diferente - produzido demais, berrando demais. Mais pra frente, não no álbum Thriller, me recordo de ve-lo agarrar com força sua área genital. Aquilo me deixou chocado, não combinava com o menino que vira em 1981. Entretanto, tinha-se tornado um dançarino como poucos. E assim foi ao longo do tempo - cada vez mais se distanciando daquele menino. No entanto e, graças a Deus, manteve até o final sua marca registrada - a magia de seu movimento, o feitiço de sua dança. Confesso que sua morte repentina me deixou surpreso e consternado.
Sobre sua vida, sobre as razões e motivações para seus atos e esquisitices, isso jamais saberemos, como tampouco sabemos sobre motivos e razões para muitas de nossas condutas e comportamentos. Apesar disso, é possível afirmar que pais problemáticos, geram filhos meio destrambelhados. E, pelo que se diz Papai Jackson, não era lá o pai que todo o filho gostaria de ter. Pintam-no como cruel e tirano. Se isso é certo, a paga veio a contento - foi deixado de lado na repartição da fortuna do filho caçula.
De Michael Jackson muito do que se diz é fundado em boatos, muitos deles arquitetados pela sua própria assessoria para mante-lo sempre sob a luz dos holofotes. Na sociedade do espetáculo, ser visto é preciso. E a sociedade do espetáculo estipula também que o espetáculo deve continuar até depois da morte do protagonista. Esse espetáculo já começou e promete lances emociantes dora em diante - velório ou não velório, brigas pela herança deixada, mãe que não queria guarda dos filhos mudando de idéia, declarações bombásticas sobre a paternidade dos filhos, quem irá gerir os bens deixados pelo cantor, causas de sua morte. A médio prazo teremos, com muita probabilidade, livros, entrevistas, sobre o outro lado de Michael Jackson, suas esquisitices, suas manias, ou então, filmes pornòs sobre os prazeres proibidos de Michael Jackson e outros tantos filmes sobre sua vida, sua arte e seu legado ao mundo da música pop.
No mais, rei morto, rei posto - assim diz a cartilha da sociedade do espetáculo. Logo, logo teremos um outro ídolo substituindo aquele que se foi, para delírio e deleite do público, da audiência. O show deve continuar.
Em relação ao primeiro tópico, declarou ela que "o que mudou no mundo foi uma ética de comportamento&qu...